segunda-feira, 26 de maio de 2014

V - A NOVA REALIDADE, FINALMENTE

-FARDA OU FARDO?-
Diversas viaturas militares da Companhia de Transportes estacionadas no cais e nas suas imediações. Subida para elas dum modo receoso ainda, muitos pretos por perto e aparentemente todos iguais – sensação generalizada mas rapidamente considerada absurda -, passagem pela baixa da cidade rumo ao Campo Militar do Grafanil, na Estrada de Catete, em cuja entrada, à laia de aviso “à navegação”, se encontrava em destaque, e deliberadamente muito bem visível em cima de um palanque em cimento, um Jeep acidentado, todo amassado, fruto de choque frontal e capotagem. Fomos colocados provisoriamente em bancadas de cimento-armado, com dormida no chão duro, sem qualquer resguardo. Era o modo usual para tropas em transição do navio para o Mato e vice-versa. A bagagem de porão, muito pouca, chegaria umas horas depois e colocada dum modo amontoado perto de nós. O meu amigo Fontes queria que eu fosse dormir a casa do seu tio, onde ele já vivia dum modo “civilizado” (era militar, como eu), mas receei que pudesse haver problemas, até porque teria que enquadrar o pessoal.
CAMPO MILITAR DO GRAFANIL
Na noite imediata, e já devida e superiormente autorizado, tive o privilégio de me aboletar em casa do “Tio” Tono, na Avenida Brasil, próximo da Vila Alice – homem generoso e muito prestimoso, a quem muito fiquei a dever na vida, recentemente falecido em Celorico de Basto. Não soube atempadamente da sua morte razão por que não estive presente no seu funeral, o que muito lastimo. Com exceção de quando se encontravam de serviço à Unidade, os Graduados tinham permissão de pernoitar fora do Quartel do Grafanil, havendo uma viatura que fazia a recolha domiciliária diariamente logo pela manhã cedo, até porque as instalações, mesmo após a mudança para as outras definitivas, decorrente das tarefas de que iríamos ficar incumbidos, continuavam a ser precárias.

Apresentação do Batalhão, pelo seu Comandante, ao General-Comandante da Região Militar de Angola







E a missão vai começar.

Carlos Jorge Mota

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