-TESTEMUNHO-
Faz dois anos, voltámos a reunir-nos no “sítio do costume” para comemorar a passagem de 50 anos sobre a partida do nosso Batalhão 2872 para Angola. E tivemos a oportunidade, a vontade e a satisfação de recordar aquele dia 8 de Maio de 1969, em que nos afastámos do nosso Portugal (Metrópole) com o coração carregado de um misto de sentimentos que nos avassalava: tristeza por termos de deixar todos os nossos entes queridos – os familiares, os amigos, a namorada, enfim, uma vida que nos suscitava grandes recordações; a saudade de todas as coisas boas que deixávamos para trás; a ansiedade em relação ao futuro que nos esperaria no teatro da guerra, esse drama que de todo ignorava; a expectativa em relação a esse futuro incerto; a responsabilidade que recaía sobre os nossos ombros sobre o cumprimento dos deveres que nos conduziam a Africa; enfim, a esperança e o desejo de, cumprida a nossa missão, um dia regressarmos às nossas terras, às nossas vidas.
Almoço Batalhão Na Anadia Cinquentenário Partida Angola |
Paquete Vera Cruz No Cais De Luanda - Embarque Do Batalhão Regresso Metrópole |
Uma data importante, mas que não nos deixa esquecer esta
outra data que ontem nos apraz também celebrar com satisfação e alívio e
(por que não?) com saudade: o nosso regresso a Portugal há exatamente 50 anos, após
cumprida a missão que nos levou de nossas casas até ao continente africano,
àquela Angola que nunca mais deixou de fazer parte das nossas vidas. E com o
profundo sentimento de que naqueles dois anos de comissão conseguimos sempre
fazer aquilo que de nós se esperava: O NOSSO MELHOR.
Infelizmente, o dia do regresso ficou marcado pela existência
de lugares vazios entre as nossas fileiras, os daqueles que perderam a vida
durante a nossa estadia em Angola. E também importa lembrar todos os que, pela lei inexorável da vida, nos foram deixando ao
longo destes 50 anos. Para uns e outros, vai o nosso pensamento e a garantia de
um lugar indelével na nossa memória.
C Pimpão
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