-FARDA OU FARDO?-
Diversas
viaturas militares da Companhia de Transportes estacionadas no cais e nas suas
imediações. Subida para elas dum modo receoso ainda, muitos pretos por perto e
aparentemente todos iguais – sensação generalizada mas rapidamente considerada
absurda -, passagem pela baixa da cidade rumo ao Campo Militar do Grafanil, na
Estrada de Catete, em cuja entrada, à laia de aviso “à navegação”, se
encontrava em destaque, e deliberadamente muito bem visível em cima de um
palanque em cimento, um Jeep acidentado, todo amassado, fruto de choque frontal
e capotagem. Fomos colocados provisoriamente em bancadas de cimento-armado, com
dormida no chão duro, sem qualquer resguardo. Era o modo usual para tropas em
transição do navio para o Mato e vice-versa. A bagagem de porão, muito pouca,
chegaria umas horas depois e colocada dum modo amontoado perto de nós. O meu
amigo Fontes queria que eu fosse dormir a casa do seu tio, onde ele já vivia
dum modo “civilizado” (era militar, como eu), mas receei que pudesse haver
problemas, até porque teria que enquadrar o pessoal.
CAMPO MILITAR DO GRAFANIL |
Na noite imediata, e já devida e superiormente autorizado, tive o
privilégio de me aboletar em casa do “Tio” Tono, na Avenida Brasil, próximo da
Vila Alice – homem generoso e muito prestimoso, a quem muito fiquei a dever na
vida, recentemente falecido em Celorico de Basto. Não soube atempadamente da
sua morte razão por que não estive presente no seu funeral, o que muito
lastimo. Com exceção de quando se encontravam de serviço à Unidade, os
Graduados tinham permissão de pernoitar fora do Quartel do Grafanil, havendo
uma viatura que fazia a recolha domiciliária diariamente logo pela manhã cedo,
até porque as instalações, mesmo após a mudança para as outras definitivas,
decorrente das tarefas de que iríamos ficar incumbidos, continuavam a ser
precárias.
Apresentação
do Batalhão, pelo seu Comandante, ao General-Comandante da Região Militar de
Angola
E a
missão vai começar.
Carlos Jorge Mota
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