ENTRE O PESSOAL DE TRANSMISSÕES ENTRE O COIMBRA (DE MANTA), O HONORATO E O RIACHOS (JÁ DESAPARECIDO)
Todo o
pessoal de todas as Companhias do Batalhão, nos respetivos locais onde se
encontravam, festejaram dum modo especial aquele desejado dia. No regresso ao
Luso, no jipe com o Capitão Santana ao volante, eu ria, cantava, vociferava.
Ele manteve-se sempre calmo e completamente sóbrio, talvez por indispensável
precaução e exemplo de recato, e teve a amabilidade de me transportar a casa,
até porque seria muito perigoso para mim, sob o ponto de vista disciplinar, ser
topado na rua naquele estado, fardado e armado de G-3. Deitei-me, mas não
conseguia permanecer na cama pois tinha a sensação de que me encontrava num
barco a afundar. Foi uma noite horrível, sempre a correr para o
Quarto-de-Banho, “a lançar a carga ao mar”. Os outros riam-se, mas também só
estavam um pouco melhor do que eu.
Dia
seguinte, manhã complicada, pois a nossa Guerra não tinha ainda acabado. Era
preciso ultrapassar a situação para dar seguimento às tarefas. Dois banhos, um
em cima do outro. E, pelo continuar das horas, a “coisa” lá foi melhorando …
Na
semana imediata, talvez porque eles
soubessem que estávamos no fim da Comissão e queriam afirmar-se, como
despedida, montaram uma emboscada em plena zona do Sacassanje, nossa zona de
proteção às obras. O Ajax, condutor
da Berliet que seguia à testa da coluna, aguentou ao volante os momentos de
fogo e conseguiu inverter a marcha para uma melhor posição, enquanto o Luís
Brandão de Macedo, em pé e de peito descoberto, metralhava a zona onde eles se
encontrariam. Debandaram rapidamente, tipo “bate e foge”.
Nada
mais de assinalável e que mereça especial referência aconteceu até ao dia em
que recebemos ordem de regresso a Luanda.
Como o
Fernandito, portuense colocado no Comando de Setor com quem havia feito amizade
na Cristália, e já atrás citado, me havia dito que talvez me conseguisse uma
passagem de avião militar para Luanda, coloco a questão ao Capitão Santana no
sentido de auscultar o seu consentimento, uma vez que a minha presença no
Comboio e nas viaturas, para enquadramento do meu pessoal, poderia ser
dispensada. Aquiesceu e disse-me que até seria bom porque, dessa forma, eu começaria
de imediato a tratar duma série de diligências a fazer junto das respetivas
Chefias dos vários Serviços, em Luanda: de Intendência, de Material, de
Armamento, de Transmissões, etc.
AEROPORTO DO LUSO, ONDE O CHEMBENE SE DESLOCOU NUM PV2, PARA SE ENCONTRAR COMIGO E ONDE EMBARQUEI NO NORD-ATLAS
Bilhete
na mão, conseguido pelo Fernando, aí estou eu a entrar para um Nord-Atlas, da
FAP, conhecido como Barriga de Ginguba,
que me proporcionou uma viagem de cerca de três horas. Aterro em Luanda, na
zona militar do Aeroporto. Vou para casa dos tios do Fontes, que, entretanto,
já tinha acabado a Comissão e regressado à Metrópole. Durmo lá e, no seguinte,
começo a tratar dos assuntos incumbidos.
Carlos
Jorge Mota
|
Sem comentários:
Enviar um comentário