Rendido
já o Batalhão no Serviço à Rede de Luanda e colocado às ordens do QG (Quartel
General) como reforço, somos escalados para duas Operações na zona do Zenza do
Itombe, área de mata serrada, selva plena. Numa dela, a primeira, marcham dois
Grupos de Combate da minha Companhia, que entraram no terreno pelo lado norte,
operação conjugada com outras Unidades quer de quadrícula quer especificamente
deslocadas para lá para o efeito. Na segunda, passados uns quinze dias, já a
nível de toda a Companhia, mas a entrada na selva fez-se, desta vez, pelo lado
sul, oposto portanto à da primeira.
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RIO ZENZA |
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MATANDO O TEMPO, NUM INTERVALO SENTADOS EM CUNHETES DE
DE MUNIÇÕES. RIACHOS O HOMEM DE PÉ, OPERADOR DE TRANSMISSÕES
,QUE RECENTEMENTE NOS DEIXOU, DEPOIS DE TER ALEGRADO MUITOS CONVÍVIOS PÓS-DESMOBILIZAÇÃO
Estas
Operações Militares envolviam, por norma, grandes efetivos, de múltiplas áreas
de ação e com objetivos diferentes no terreno: uns com função de nomadização,
outros com tarefas de emboscadas e outros ainda para Golpes de Mão, ou seja, assaltos
repentinos aos aquartelamentos do IN referenciados.
Chegados
ao nosso destino – cada Companhia tinha o seu ponto de estacionamento -, instalámos,
montámos segurança e pernoitámos, pois a ação conjugada só teria lugar ao
alvorecer do dia seguinte.
Deito-me
dentro do meu saco-cama, com a arma ao meu lado, junto a um barranco com um desnível
brusco de cerca duns 7 metros, mas afastado da orla da mata aí uns bons 20
metros, a fim de me salvaguardar duma eventual visita inesperada noturna duma
jiboia ou bicho semelhante. Estávamos em alerta máximo contra todos os perigos,
quer do inimigo humano quer animalesco. Adormeci quase de imediato, mas havia
pessoal de vigia permanente. Passado um tempo que eu julguei ser de
pouquíssimas horas, mas, resultante do cansaço e do stress pelos riscos da viagem, o alvorecer já despontava.
Subitamente, ouço, mesmo ao meu lado, dois rebentamentos estrondosos. Pensei: -
“duas morteiradas estão a cair-nos em
cima”. Pego na arma, fico na expectativa da evolução da situação e, de
repente, ouço: “Fogo!”. Eram dois
obuses do pessoal de Artilharia que chegou já depois de eu adormecer,
instalados precisamente no topo do terreno ao qual eu me encontrava encostado.
Eu não os vi chegar nem os vislumbrava agora. Só quando me pus de pé.
Selva
completamente cerrada, a Artilharia estava a bombardear zonas previamente
marcadas na Carta Militar a fim de obrigar o IN a deslocar-se para pontos onde
se encontravam as NT emboscadas. Tática operacional normal.
Acabada
a Operação, regressámos ao Grafanil, onde iríamos fazer os preparativos para
uma nova grande viagem, agora até ao Leste de Angola.
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È com grande prazer e triteza que veja o meu amigo Manuel Riachos .
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