terça-feira, 31 de maio de 2011

ENCONTRO DOS EX-COMBATENTES DAS COMPANHIAS 2504 E 2506

Realizou-se no passado dia 7 os almoços-convívio das C. Caçadores do nosso Batalhão 2504 e 2506, respectivamente no Inatel da Costa da Caparica e em Barcelos. Estive presente no primeiro a convite de alguns ex-camaradas daquela companhia.
Agradável confraternização, onde também pude rever e conversar com alguns camaradas mais próximos.
Aproveitei a oportunidade para transmitir um abraço amigo e de camaradagem de toda a nossa Cia.
O Cmdt desta Cia, ex-cap Conde e Silva, envia também um abraço amigo para todos nós esperando que o nosso encontro, decorra em franca harmonia e camaradagem.
Com pesar, apesar de convidado, não era possível estar presente no convívio da C Caç 2506, ficando a esperança de o poder fazer num próximo ano

quinta-feira, 19 de maio de 2011

A COR DOS NOSSOS LENÇOS

A IMPORTÂNCIA DA COR DOS NOSSOS LENÇOS

Lembram-se daqueles lenços amarelos/alaranjados e que atados à volta do pescoço, também serviam para proteger o nariz e a boca da muita poeirada que apanhámos nos muitos quilómetros percorridos nas picadas de Angola?
Pois bem! Esses lenços foram importantes para nos distinguir de outros camaradas de outras companhias.
No decorrer do nosso penúltimo almoço convívio, no dia 8 de Maio de 2010 (de registar a coincidência de ser o dia do nosso embarque para Angola) o nosso Maior entre a sopa e o prato de peixe, por sinal um óptimo bacalhau (escreverei sempre à moda antiga), entre outras conversas, revelou-me um acontecimento, decerto por todos desconhecido e que na minha opinião merece ser aqui revelado.
Como sabem, após uns parcos dias do bem bom do Grafanil, partimos para as matas do rio Dange, onde fizemos parte da Operação Grande Salto. A nossa missão, nesta operação era efectuar protecção próxima e afastada à engenharia militar, que construía para além da ponte sobre aquele rio, seu fortim e respectivas estradas, principalmente entre a Fazenda M Manuela e M Fernanda. Por vezes também efectuávamos escoltas ao MVL entre estes locais.

Acampamento Dange

      

Operação








Foi junto a esta última fazenda, que mal chegados e ainda não instalados, no que seria o nosso acampamento provisório, que registámos um ferido e um morto, o saudoso M Tavares. Nesta operação estivemos sem qualquer contacto com populações de Junho a Dezembro de 1969. Após esta pequena introdução, voltamos então ao que me revelou o nosso Comandante de Companhia, pois nestes encontros será sempre “o nosso Cmdt de Cia”.
Em dada altura e se a memória não me atraiçoa, junto do comando do Batalhão dos “Centauros”, foi questionado se tinha feito algum pacto com o inimigo. Embora bastante surpreendido, respondeu logo que não.

Ponte Totobola

Fortim


Assim, foi-lhe explicado que nos mesmos locais, os homens do seu batalhão eram flagelados ou atacados, não acontecendo o mesmo aos da nossa companhia. Chegou a inverter as saídas, masmesmo assim passávamos sem qualquer contacto com o inimigo enquanto eles voltavam a ser flagelados ou atacados.

Pois! Existia qualquer coisa que distinguia os homens dos lenços amarelos/alaranjados dos restantes. O nosso C Cia sabe e em minha parca opinião, já anteriormente confessada em um ou outro almoço/convívio realizado, que todo o nosso saber mecanizado na instrução militar, na nossa capacidade de sacrifício e abnegação eram sempre em operacionalidade postos à prova. Apesar de todo o pessoal da Cia estar sempre muito sobrecarregado de múltiplos serviços, nunca descoraram a velha máxima “ serviço é serviço, conhaque é conhaque e meninas são meninas”.
Não sei o que se passava com outras unidades militares, mas a C Caç 2505, não era melhor nem pior, mas com certeza era diferente. Não quero inferiorizar mesmo as outras Cias do nosso Batalhão, mas a nossa era para mim a mais bem preparada, militar, psicológica e operacionalmente. Lembram-se? Mesmo numa pequena paragem na picada todos sabiam o muito importante que era a segurança próxima.
Por tudo isto e muito mais, os homens do lenço amarelo/alaranjado da C Caç 2505 nas matas do rio Dange, passavam quase sempre sem serem incomodados.