sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

FOTOS LUNGUÉ BUNGO EM 1973

Tenho o prazer de transcrever, o mail do nosso amigo ex camarada de armas  H Jesus, que nos envia em seu anexo, cinco fotos daquele local do leste de Angola, que ele e nós bem conhecemos. 
O nosso obrigado.
JM

Amigo jotamerca. Gostei de ver as fotografias no blogue da CCAÇ2505.
Aqui vão mais algumas.

Quartel dos fuzileiros. Foto aérea do rio Lungué Bungo.Nova ponte (metálica) no rio Lungué Bungo e a"praia" onde se passava grande parte do dia e, às vezes, parte da noite. Cinema Luena no Luso. Aeroporto do Luso.
Grande abraço.
Henrique de Jesus

Quartel Fusos Lungué Bungo
Foto aérea Rio Lungué Bungo-Ponte Metálica
Praia Rio Lungué Bungo
Cinema Luena  - Luso
Aeroporto - Luso

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A SORTE ESTEVE DO NOSSO LADO

A comissão de serviço na então Província Ultramarina de Angola, estava a aproximar-se do fim. Estávamos num local denominado Canage, onde tínhamos levantado um acampamento provisório.

A nossa missão era a de efectuar protecção próxima aos trabalhos de construção e posterior asfaltagem da estrada que pretendia ligar a cidade do Luso a Gago Coutinho. Também em complemento da protecção próxima, efetuávamos uma protecção afastada com a realização de operações de 3 a  4 dias patrulhando, reconhecendo, efectuando escoltas a colunas de reabastecimento ou outras e até se necessário ir a objectivos indicados pelo oficial de operações do Batalhão.


A engenharia levantou uma barreira da altura mais ou menos de um homem à volta do acampamento e em forma de quadrado para essencialmente proteger-nos de possíveis ataques, com armas de tiro tenso. A savana à volta do acampamento também foi aplanada, alargando assim o nosso campo de visão.


Após esta introdução com a nossa localização, vamos passar ao testemunho do que aconteceu.

Dado o tempo, já quase ultrapassado, que algumas granadas utilizadas na bazuca e morteirete e por estarem quase fora de prazo, tinham de ser inutilizadas. Desta vez, até nem se tratava de um exercício de tiro, para armas de tiro curvo, com a finalidade de treinar pontaria. Normalmente a bazuca e o dilagrama eram as armas utilizadas pelo Piçarra enquanto o morteirete quase sempre pertencia ao Baião.

Pretendia-se numa das extremidades mais afastada do centro do acampamento, disparar estas armas por cima da barreira que nos protegia e assim inutilizarmos as munições que estavam quase fora de prazo.


Já tínhamos muitos meses de comissão. Facilitismo? Não sei. O que sei é que se a granada, passasse mais um metro abaixo, ao rebentar na barreira, iria ferir, se não matar, alguns camaradas que estavam mais próximo. Quase ninguém se apercebeu do perigo por estarem a olhar para mais longe. Também, eramos novos de idade e estas situações por vezes passavam-nos ao lado. Já não recordo tudo, mas lembro-me de ter questionado o homem da bazuca. “ Atenção pá! Eleva o ângulo de tiro! Essa passou muito perto da barreira! Olha lá essa mer….!” “É o que tenho estado a fazer.” Foi a resposta do homem da bazuca.



A coisa ficou por aqui, mas tenho a certeza do que naquela altura vi, dado estar focado a tirar fotografias e estar no enfiamento da cena. Costumo sempre dizer, que de entre muitas outras razões, inclusive o treino militar que tivemos, a sorte acompanhou-nos, estando sempre do nosso lado.


Estava muito próximo e poderia ser um dos atingidos, juntamente com outros camaradas que assistiam e também estavam perto. Claro que esta situação foi um motivo para à noite comentar com alguns camaradas graduados, que pouca importância deram ao caso e festejar com umas bem aviadas “bejecas”, pois a minha teoria de um dia de cada vez, estava a resultar e este dia já tinha passado.


Claro que estivemos muito perto de sofrer um acidente, numa das vezes que se disparou a bazuca, dado que tudo o resto correu bem. Penso que o que se passou foi assim: O municiador, que já não me lembro quem era, colocou a granada na parte traseira da bazuca e após efectuar as ligações, dá como pronta a função e bate duas vezes com a mão na cabeça do apontador. Após receber o ok do municiador o apontador de imediato disparou. O ok com as duas palmadinhas e dado o acto continuo de disparar, deve ter motivado o abaixamento da boca da bazuca, fazendo com que desta vez a granada passa-se mais perto, do cume da citada barreira de protecção. O fotógrafo estava lá, pois caso não estivesse, talvez, não narrasse este testemunho.

A sorte mais uma vez nos protegeu, sendo nós audazes ou não. 
     
JM