sábado, 25 de maio de 2013

AMIGOS QUE O TEMPO NÃO APAGARÁ!


Amigos que o tempo não apagará!
BAÍA DE LUANDA NOS ANOS 1969/1971
“Como nasce uma amizade?

A amizade nasce, como expressa Milan Kundera “com ela nos sentimos à vontade e somos levados a expressar-lhe o nosso eu. …Chega no momento em que experimentamos forte impulso de simpatia, interesse e afinidade.

E continua “A amizade é indispensável para o bom funcionamento da memória e para a integridade do próprio eu.

E termina “… a amizade como um valor acima de todos os outros. Gostava de dizer: entre a verdade e o amigo, escolho sempre o amigo.”

Aqueles com quem convivemos regularmente, com os quais trocamos alguns favores, que conhecemos há muito tempo, será isto uma verdadeira amizade? Pensamos que não é assim. Será que podemos ser amigos com quem nos encontramos poucas vezes, com ausências prolongadas?

Vou citar uma passagem do pensamento de “Vinicius de Moraes”

“Mesmo que as pessoas mudem e suas vidas se reorganizem, os amigos devem ser amigos para sempre, mesmo que não tenham nada em comum, somente compartilhar as mesmas recordações. Pois boas lembranças, são marcantes, e o que é marcante nunca se esquece! Uma grande amizade mesmo com o passar do tempo é cultivada assim!”

Depois destas citações, vou voltar ao tema da amizade, para recordar um amigo especial, um amigo com quem apenas convivi pouco mais de 5 meses, um amigo que me marcou e que jamais poderia esquecer. No entanto estivemos 42 anos sem quaisquer contatos, mas, durante toda essa ausência, nunca deixou de estar presente no meu imaginário.

No último almoço da C. Caç. 2505, reencontramo-nos, passados todos estes anos, foi para mim uma sensação muito boa, voltamos ao tempo do Dange, de Luanda, ao tempo dos nossos vinte e poucos anos. O tempo do reencontro foi pouco para acabar a nossa conversa, retomaremos certamente, num futuro próximo.

Como diz Vinicius de Moraes:

Pois boas lembranças, são marcantes, e o que é marcante nunca se esquece!”

Ou ainda como expressa Milan Kundera:

Os amigos são testemunhas do passado, eles são nosso espelho, que através deles podemos nos olhar.”

Toda amizade é uma aliança contra a adversidade,…

Penso que uma grande amizade, “Chega no momento em que experimentamos forte impulso de simpatia, interesse e afinidade”, não tem tempo, não tem distância, ela existe e nada a poderá destruir, são os amigos que fizemos em situações difíceis, num teatro de guerra, são os amigos que o tempo não apagará!



Texto de: F.Santos
Fotos dos anos 69/71 de: F. Santos

PS. Dedico este texto a todos os meus amigos, que comigo conviverem em Angola nos anos de 69, 70 e 71, para todos eles, um forte abraço.

FS.







terça-feira, 14 de maio de 2013

Três episódios na vida dum "operacional"!


(A jiboia… a bússola… e a G3, ou a vida atribulada no Dange…)


Casa nova, vida nova, é o que se costuma dizer quando mudamos de casa ou de emprego…, neste caso nem mudámos de casa nem de emprego, deixamos apenas umas funções e fomos investidos noutras.

As novas funções não nos traziam tantas preocupações como as anteriores, pois, limitavam-se aos serviços da companhia, operações no interior da mata (3 a 5 dias) e colunas motorizadas para proteção de viaturas civis, entre as Fazendas Maria Fernanda e Maria Manuela, a partir do nosso acampamento na foz do rio Loge, que desaguava no Dange. Mas não estávamos de todo sensibilizados para estas tarefas, mas lá íamos cumprindo sem dificuldade de maior. 

No desempenho dessa função de “operacional”, aconteceram vários episódios, dos quais escolhemos três, que na nossa opinião, têm algum interesse, para que não se perdessem e perdurassem na nossa memória coletiva: 

A jiboia

De regresso duma missão à Fazenda Maria Manuela, já era início de noite, não nos recordamos qual a missão, mas também não é importante para o episódio que vamos narrar. Quando nos aproximávamos do aquartelamento da companhia de cavalaria, “Os Centauros”, que fazia a proteção à construção da ponte sobre o Dange (Ponte Totobola), chama-se assim, não sei porquê, talvez por ser a ponte da sorte, sorte! não faço ideia de quê! Mas vamos continuar; aí chegados, a uma distância que não sei precisar com exatidão, todavia não devia ser longe do aquartelamento da referida companhia, deparámo-nos com uma jiboia enorme que ocupava toda a largura da estrada, como não queríamos passar sobre o bicho, não porque o pudesse magoar, mas não queríamos, parámos as viaturas, apeámo-nos, discutimos o que fazer, e, saiu um decisão brilhante, matar a jiboia a tiro, não sei quem disparou, nem isso interessa muito, penso que o bicho morreu, mas ao ouvirem todo aquele tiroteio, os nossos amigos “Os Centauros”, pensaram de imediato que estavam a ser atacados pelos “turras” (nome vulgar porque eram conhecidos os guerrilheiros). Organizaram-se imediatamente, e, em coluna apeada, dirigiram-se para o local de onde vinha o som das rajadas, na sua deslocação, demorou pouco tempo, vislumbrarem as luzes das nossas viaturas, verificaram então, que não se tratava de nenhum ataque, era apenas mais uma “maçaricada” dos vizinhos do Dange. Tivemos sorte, porque “Os Centauros” já eram “velhinhos”.




A bússola                                                     



Estava tudo no seu lugar, era mais uma manhã tranquila no nosso aquartelamento, havia no entanto, qualquer coisa de diferente, tínhamos em nosso poder um guia que tinha sido guerrilheiro naquela região. Claro que se antevia uma operação guiada, com um objetivo muito concreto, assaltar um acampamento inimigo, só não sabíamos quando. Pois aconteceu que veio a ordem para a operação ter início nessa manhã; o sol já ia alto, não tivemos direito a almoço quente, e, preparámos tudo; rações de combate, cantis com água, oleado e a inseparável G3; os dois pelotões que tinham sido escalonados, onde nos incluíamos, partiram com as mochilas às costas.

Pernoitamos numa encosta, o mais perto possível do objetivo, essa noite foi horrível, o frio era imenso, e não tínhamos agasalhos para essa eventualidade, juntamo-nos em grupos, delimitamos uma área em círculo, cada um desses grupos formava um posto de vigilância, com um vigia, que era rendido ao longo da noite, cada camarada fazia um turno de vigilância. O frio era tanto que nos tapámos com os oleados, que não foram suficientes para nos aquecer. Ao levantarmos de manhã, tínhamos cavado uma vala aos pés, de tanto nos mexermos.

No último dia já cansados de andar às voltas, o alferes que comandava a operação, já irritado, voltou-se para o guia, e perguntou-lhe: “Então você não sabe onde é o acampamento?”; o guia a tremer, apavorado, todo ele transparecia medo, respondeu com a voz trémula: “meu alferes veja aí na máquina” (máquina era a bússola que o alferes empunhava naquele momento, mas que não ajudava muito…). Continuamos a nossa caminhada, mas a única coisa que encontramos foi um acampamento abandonado há muito tempo.

A G3
Periodicamente, dado que não conseguíamos gastar as munições nas operações, e convinha testar o armamento, fazíamos treino de tiro.

Naquela tarde o alvo era a encosta em frente ao nosso aquartelamento, virada a nordeste do outro lado do Dange. Foram testadas todas as armas, bazuca, breda, morteiro etc…, foi também efetuado tiro de G3, de repetição e rajada, o tiroteio foi tanto que derrubámos as árvores mais altas da encosta. Derrubámos! nem todos, pois o vosso amigo “operacional” nem um tiro conseguiu dar de tanta sujidade acumulada na G3 que tinha distribuída à sua responsabilidade.

Conclusão andou todo esse tempo, em operações e colunas, com uma arma às costas que só serviu para fazer peso, dificultar a caminhada e talvez assustar o inimigo.

F. Santos

terça-feira, 7 de maio de 2013

ENCONTRO POMBAL 2013 C CAÇ 2505

- ENCONTROS C CAÇ 2505-
ENCONTRO C CAÇ 2505 EM POMBAL 2013

Com um dia de sol aberto e temperatura primaveril, os primeiros participantes, começavam a chegar, quando já passava das 10H30. Claro que eu e o F Santos, que viajou comigo, ainda não eram 10H00 e já tomávamos a bica matinal ao balcão do Manjar do Marquês.

Com o decorrer do tempo e como sempre,os que já faziam parte da concentração, aguardavam com alguma expectativa  os que iam chegando. Logo, havia abraço entusiásticos, uns mais apertados que outros e se expressava por vezes   frase: " Eh pá, cada vez estás mais novo".

Ao fim de mais ou menos quarenta e dois anos ( 1 de Julho de 1971), tivemos o prazer de voltar a rever três ex-camaradas que nunca tinham participado nestes encontros. A expectativa era muita e os anos passados, ao modificarem a nossa fisionomia, deixando a sua marca, colocava-nos em frente destes ex-camaradas, com ar de muita interrogação e dizíamos: "Eh pá! Eu sei quem és mas não me lembro do nome", ou " são muitos anos, não sei qual é o teu nome". Para os que com eles mais de perto conviveram, logo acertavam no seu nome e exclamavam: " olha o fulano tal. Eh pá dá cá um grande abraço". Bom! Neste encontro os três ex-camaradas mistério, foram o F Santos, nosso vago mestre, o F Nunes e o R Rodrigues.

Aproximava-se a hora marcada para o almoço, e também  a hora das nossas fotos de grupo ( militares e militares com família). A estas fotos faltaram dois elementos que se atrasaram por motivos justificados.

FOTO MILITARES 2505
FOTO MILITARES E ACOMPANHANTES
Entramos para o lugar reservado ao nosso almoço e ocupamos os nossos lugares. Como também tem sido norma e antes de iniciarmos o repasto, proferi algumas palavras, dando as boas vindas a todos os presentes, congratulando-nos pela sua participação, expressando o sentimento causado nestes convívios, comunicando a ausência de alguns que enviaram à reunião um forte abraço e votos para que est fosse um bom convívio. 

Por fim, chegou o momento de pronunciar os nomes, relembrando os nossos mortos, na então Província Ultramarina de Angola, assim como dos que temos conhecimento, após o seu regresso, fazendo um minuto de silêncio.

Após esta pequena intervenção começou a ser servido o almoço. Falando do menu servido, como sempre, em qualidade e quantidade, notei este ano, menos ordem e demora na maneira como foi servido. de qualquer modo, não deixou de ter nota muito positiva.

O ALMOÇO

Já nos cafés e digestivos, formaram-se pequenos grupos em amenas  "cavaqueiras" e decerto em todos eles com conversas relembrando episódios passados.


O Tempo não perdoa, as horas passam, começaram as despedidas e a companhia começou a destroçar.

O PAGAMENTO
 Os últimos a abandonar o Manjar do Marquês, mais ou menos pelas 19H00, para além de mim, foram o F Santos, por motivos óbvios e o A Carlos.

Gostei bastante.
JM

PS: Embora me tenha sido lembrado não coloquei aos presentes no nosso almoço, qual a sua opinião, do local e possível  restaurante, onde para o ano poderíamos efectuar a passagem do 45º. Aniversário da nossa partida para Angola.
Dado em termos habitacionais a maioria dos nossos camaradas se encontram a norte do rio Tejo, será conveniente que o local não se situe muito a sul.
Podendo já ficar em carteira, solicito agora, que na página inicial e em comentário, os combatentes da nossa companhia nos possam indicar esse local.
JM
   

quinta-feira, 2 de maio de 2013

AINDA TEMOS LUGARES À MESA

ALMOÇO CONVÍVIO DA C CAÇ 2505
RESTAURANTE MANJAR DO MARQUÊS 
POMBAL
CONCENTRAÇÃO A PARTIR DAS 10H00


Recordamos que é já no próximo sábado, dia 4 a realização do encontro dos ex-combatentes, familiares e amigos da nossa Companhia.

Como tínhamos previsto, já ultrapassamos a meia centena de participantes no almoço, contudo parafraseando um ex-camarada e amigo da Cia 2504, direi que alguns elementos da Cia 2505 "já estão pelo menos com uma sopa de atraso".  

Como é muito do nosso hábito, guardamos sempre tudo para a última hora, mas não se esqueçam que ainda temos lugares à mesa.

Este ano também temos três estreias no nosso almoço/ convívio. São três elementos que nunca estiveram presentes no nosso encontro anual. Será uma surpresa. 

Para os ex-camaradas que costumam aparecer sem nada dizer, por uma questão de logística deverão entrar em contacto com a comissão organizadora, efectuando a respectiva inscrição 

Desejamos óptima viagem, a todos que viajarão este sábado até Pombal. Até lá e com um abraço,

A Comissão Organizadora
JM/JS