quarta-feira, 4 de abril de 2012

DESLIZANDO NO RÁPIDO LUNGUÉ-BUNGO!!!!

O aquartelamento do Lungué-Bungo, estava situado do lado direito da estrada no sentido Luso, Gago Coutinho, em frente ao Quimbo e a seguir à casa de habitação e comércio do Sr. Fonseca. O Sr. Fonseca, era um cidadão português que estava radicado em Angola, havia muitos anos, onde vivia com uma angolana, depois de ter enviado a mulher e os filhos, para Coimbra, a seguir ao início da Guerra Colonial.
Diariamente deslocávamo-nos ao rio onde havia uma ponte que ostentava uma placa (que não é a que está na foto). A distância da Ponte a Lisboa que estava inscrita nessa placa era de 9669 kms, de acordo com pesquisas que fizemos na Net. Muitos camaradas mergulhavam na água, a partir da parte de cima do gradeamento, duma altura que deveria rondar entre os 10 e os 15 metros, aventura que não nos seduziu, talvez pelo perigo, talvez por medo, enfim não saltamos. Muitos camaradas tentaram o sky, alguns com algum sucesso, nós não passamos dumas valentes quedas e desistimos antes de começar a deslizar, deslocávamo-nos por vezes até à ilha onde petiscávamos e bebíamos uma bebida explosiva, por nós preparada, talvez devido à ingestão de tão precioso néctar, os camaradas fuzileiros, no regresso, destruíam todas as hélices dos barcos, incluindo as de reserva, e como consequência tínhamos de vir ao sabor da corrente até à ponte. Mas não é esta “estória” que lhes queria contar, mas uma “estória” da praia,  que religiosamente, frequentávamos.

Mergulhávamos a partir duma prancha que tinha sido construída na margem do rio, nadávamos, expúnhamo-nos ao sol a bronzear, e assim passávamos os dias. Num determinado dia nadámos até ao meio do rio e inadvertidamente deixámo-nos deslizar ao sabor da corrente e, quando nos apercebemos, já lutámos desesperadamente para regressar à margem, mas em vão, a corrente tinha tomado conta do nosso corpo, e não tivemos outro remédio senão nos deixar arrastar, a grande velocidade e em desespero, até nos precipitarmos no rápido (espécie de queda de água) e caímos no remoinho que se encontrava no final, do qual nos livrámos com alguma dificuldade. Passámos então do desespero da descida, a um espetacular sensação, repetimos esta descida vezes sem conta, agora acompanhados de alguns camaradas que também se aventuraram.
Desta maneira, passámos do medo, ao prazer da descida.

Tratamento das fotos cedidas por M Pimenta: F Santos
Texto: F Santos

1 comentário:

  1. Esta "estória", dedico-a ao amigo Zé Manel Simões, companheiro que mais vezes connosco fez esta descida, e que certamente tem algumas histórias interessantes para contar, vividas no Lungué-Bungo. Fica aqui o desafio...
    FS.

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